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metamorfose

  • Ana Carolina Albuquerque
  • 7 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 25 de jun. de 2020

Você nunca me abandonava. Até que eu me vi abandonando você.

Desde sempre fomos amigas. Desde sempre nos entendemos como ninguém. Nossa conexão foi instantânea quando nos conhecemos e desde então não nos desgrudamos mais. Eu sabia tudo sobre você e você sabia tudo sobre mim. Éramos como irmãs. Tínhamos aquele tipo de amizade que todos queriam, mas nem todos conseguiam ter, sabe? Nossos pais que nos apresentaram. Lembro até hoje. Ficamos jogando bola até não podermos mais naquele dia. Lembro que era impossível fazer com que brigássemos. Era tão engraçado! Se por acaso o fizéssemos, em cinco minutos já estávamos rindo e fazendo as pazes. Cozinhar era seu forte. Você adorava dançar. Seu abraço era como um refúgio de todo o resto do mundo que dava errado. Você nunca me abandonava.


Você se lembra de tudo isso?


Tudo estava bem. Até não estar mais.


Depois de um tempo me vi cega. Cega de tudo. Não conseguia visualizar nada sem você. Te seguia por onde fosse. Concordava sem nem pensar. Porque afinal, tudo fazia sentido. Você era minha melhor amiga. Eu tinha que estar lá por você, te apoiar em tudo. Éramos eu e você, e nada mais importava. Me vi cercada de pessoas que me adoravam e queriam estar comigo todo o tempo. Eu estava completamente nos holofotes. Me enganei. Eles não estavam ali por mim. Então, como num estalar de dedos, você deixou de me hipnotizar. Finalmente abri meus olhos, e, aos poucos, fui percebendo que nós éramos muito diferentes. Diferentes do tipo quase antônimas. Não funcionava.


Você nunca me abandonava. Até que eu me vi abandonando você.


Tudo bem! Afinal, isso mostra que eu fui quem nos distanciou. Não foi sua culpa. Só acho engraçado que... brincadeira. Dessa vez não tem nenhum “mas”. Foi simples assim. Cada uma para um lado, duas realidades que simplesmente não batiam. É claro que eu nem sempre pensei assim. Já botei a culpa toda em você, já botei tudo nos seus ombros. Mas hoje vejo que era só a minha consciência tentando se inocentar.


Nós crescemos. Essa é a verdade nua e crua. Nada mais, nada menos. Eu ainda penso em você, aliás. Se você um dia duvidar de tudo o que passamos, pense duas vezes. Foi maravilhoso. Tudo. Se eu hoje te vir na rua, não vou fingir que você não está lá. Pode ter certeza que eu vou até você com o maior sorriso do mundo e te dar o que eu espero que seja um terço do abraço que você me deu durante todos aqueles anos. O melhor abraço de todos. E eu nunca vou me esquecer dele.

 
 
 

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