romântica
- Ana Carolina Albuquerque
- 9 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
eu me acostumei a ficar sozinha. depois de anos com duas sombras, finalmente aprendi a atravessar a rua sem dar as mãos e a deixar de dividir discursos na metade.
eu me acostumei a ficar sozinha, a tomar gosto da minha própria risada e memorizar cada pinta do meu corpo nu. desenvolvi uma paixão por falar comigo mesma e virei a única pessoa que conhece verdadeiramente quem eu sou.
eu precisei ficar sozinha e esse foi um dos melhores presentes que o Todo Poderoso poderia ter me dado. Ele me fez ficar sozinha para que eu pudesse aprender a escutar Seu grito mesmo nos lugares mais barulhentos e a falar a língua do silêncio.
e nesse meio tempo Ele me buscou.
nosso encontro foi mais lindo que o crepúsculo e mais satisfatório que o melhor banquete já apreciado pelo homem, e desde aquele dia eu não sei mais o que é estar sozinha. eu sinto Seu calor em tudo o que eu toco e o Seu hálito doce no ar que eu respiro, tudo é Dele e para Ele; eu sou Dele e para Ele.
nossa relação de Pai e filha é como ver a lua em uma noite sem estrelas. as estrelas não deixam de estar lá só porque não as vemos, mesmo que tenhamos a impressão de que deixaram a lua sozinha. tudo bem, eu não entendo de lua, mas eu entendo de amor e se eu entendo de amor é porque Ele me ensinou que amar é cuidar até de quem não quer ser ajudado, é insistir mesmo sem chance alguma de retaliação e a perdoar independente do instinto humano do orgulho. tem uma parte minha em tudo o que é Dele em quem eu sou.
porque Ele me amou primeiro, eu posso amar.
eu, merecedora de absolutamente nada, recebi o maior presente que alguém poderia receber: a capacidade de fazer alguém sentir 1/3 do amor que eu sinto de Ti. e, então, por Você e para Você, eu me declaro uma romântica para todo o sempre.



Comentários