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O principal problema enfrentado pela sociedade: o homem

  • Ana Carolina Albuquerque
  • 7 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de out. de 2020

~ uma das adaptações que eu fiz de "descreva um lugar", disseram eles :) pode parecer igual ao outro post, mas eu tenho certeza que esse vai te surpreender! ~


Nevava naquele dia. Nos encontrávamos em uma floresta. Cobertos pela branca neve estavam enormes pinheiros de aparência morta, juntos de longos e afiados espinhos espalhados por toda parte naquele lugar. Sinto que lá costumava ser um lugar feliz, com flores por toda parte, um lugar que exalava alegria. Mas agora tudo estava... Frio. Não só o rigoroso inverno nos fazia congelar, mas aquele lugar fazia com que sentíssemos uma tristeza, uma mágoa em nossos corações, como se estivesse atraindo energias negativas. Senti meu coração congelar lentamente. Eu me sentia vazia. Eu me sentia amarga.


Tudo o que ouvíamos era o som das folhas balançando ao vento, seguidas por nossas pesadas respirações. Quanto ao cheiro... Não era nada específico. Era uma mistura de tudo e nada ao mesmo tempo, dependia do nosso pensamento. Era como se este lugar pudesse ler nossas mentes e nos manipular com ele. O cheiro era diferente para cada um de nós. Chamamos esse lugar de Floresta da Manipulação desde então. Porque ela mexe com você até que faça o que está escondido no fundo do seu coração, seus pensamentos mais impuros e egoístas que você nega que existam.


Olhei para os meus amigos e vi que o que eu sentia por esse lugar, eles sentiam o mesmo. Pude ver em seus rostos o desespero de estar perdendo suas essências. Nosso medo estava crescendo, eu tinha certeza. Quanto mais tempo ficávamos lá, menos controle tínhamos sobre nós mesmos. Não sei explicar. Era como se, lentamente, a Floresta entrasse cada vez mais fundo em nós. E uma vez que entrava, ela não saía mais.


Estávamos sozinhos e com frio, sem ter para onde ir. Sentamos em um círculo para tentar encontrar o caminho de casa e suas ideias me fizeram rir com desprezo, quão estúpidas eram elas? Eu não merecia me perder com esses idiotas, eu era melhor que isso. "Eu deveria tentar escapar sem eles, encontrar uma maneira de sair despercebida", pensei.


Mesmo dormindo, não aguentávamos mais o frio e queríamos nos aquecer a qualquer custo. Foi, então, que tudo aconteceu. Em uma fração de segundo, a neve nos galhos e folhas virou água, como uma pequena chuva caindo sobre nós. Acordamos assustados. O céu, anteriormente incolor, dava lugar ao imperdoável sol que atendia ao nosso pedido a qualquer custo. “Graças a Deus pelo calor!”, pensei. Por um momento, tudo estava bem novamente. Parecia verão, até que o calor começou a ficar insuportável e o clima mais seco. Comecei a suar. Fechei os olhos e respirei fundo. Por um breve momento esqueci de tudo, como chegamos lá, sobre o que fizemos, o que estávamos fazendo.

Eu teria ficado parada, pensando, se não fosse por um grito que cortou meus pensamentos e me levou para longe desse estado de espírito.

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Abri os olhos tão rápido que pensei que estava vendo coisas quando a primeira coisa que vi foi a Floresta pegando fogo. Nem tivemos tempo de pensar, pois nos encontramos correndo loucamente pela floresta, tentando nos afastar o máximo possível do fogo selvagem que se espalhava. E, aparentemente, não estávamos sozinhos. A Floresta estava morrendo e os animais pedindo ajuda, enquanto corriam do nosso lado, tentando desesperadamente escapar do fogo inevitável que estava vinha atrás de nós. Era como uma cena de filme: a vida da floresta correndo para viver e os destruidores de casas colocando suas consciências pesadas de lado, deixando o fogo para trás.

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Depois do que pareceram horas correndo, fomos obrigados a parar. A fumaça dominou a floresta, então não conseguíamos ver uma saída. Começamos a nos mover com cautela para não nos machucarmos. O fogo não era mais a nossa maior preocupação. Já tínhamos esquecido. Não era nosso problema para corrigir. Eu tinha que pensar em mim e em como encontrar o caminho de casa. A floresta poderia encontrar seu salvador mais tarde.

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Quanto mais andávamos, mais visível o horizonte se tornava, e lentamente pudemos ver o que nos esperava do outro lado do nevoeiro. Surpreendentemente, nosso abrigo não era uma parte intocada da floresta como pensávamos, mas um centro da cidade cheio de pessoas correndo por toda parte. Seus rostos estavam cobertos por máscaras para reduzir o impacto da poluição do ar em seus corpos, já que a cidade estava cheia de indústrias e tecidos, criando uma atmosfera cinzenta onde os humanos eram moldados para serem máquinas e pré-programados para não se importarem com mais nada.


Começou a chover. Mas não como a chuva que chamou nossa atenção para o fogo na floresta. Não era como aquela. A cidade lotada, mas robótica que tínhamos visto antes, estava agora caótica. Só podíamos ver um borrão de corpos correndo por toda parte tentando não se queimar pela água ácida que vinha do céu, enquanto procurávamos refúgio entre as construções. Chuva ácida era o nome do caos e, por definição, esse caos pode causar danos não apenas a edifícios e monumentos, mas também a pessoas, plantações e água. E, de fato, foi isso que ela causou; mas também causou uma reflexão em minha mente. O mundo em que vivíamos estava sendo destruído pela raça humana porque só nos importávamos com nós mesmos. Finalmente entendi que minha geração e as anteriores eram as culpadas. O ponto de vista individualista do homem, o egoísmo e a monstruosidade escondida estavam caçando nossa sociedade e fazendo o pior dela. Decidi naquele momento que não importava quem eu era antes, agora sou eu que vou mostrar ao mundo que a raça humana não é o único ser vivo que vive na Terra. E eu não receberia um não como resposta.


Ana Carolina Albuquerque

 
 
 

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